quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Gosto de lembrar...



...que sou eu que faço os meus caminhos!

A vista



Olhava a janela e via todas as cores do mundo se misturando e formando aquela manhã branca. Queria experimentar... Escolher uma cor em seu estojo e pintá-la naquele branco tão instigador.
O dia branco, a noite negra. E aquela vontade de colorir tudo com as cores que estavam tão bem guardadas dentro de si.
Queria colorir o mundo, e seus dias, e suas noites e por fim sua vida.
Mas ainda continuava do lado de dentro.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009


"Entusiasta da liberdade, não posso admitir de modo algum que um homem se escravize ao seu relógio e regule as suas ações pelo movimento de uma pequena agulha de aço ou pelas oscilações de uma pêndula.

[...]

É porque o amor puro tem bastante delicadeza e bastante confiança para dispensar o falso pejo, o pudor de convenção de que ás vezes costumam cercá-lo."

(Cinco Minutos- José de Alencar)

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Amizade, música e um momento recortado.


Eu e ele no Parque. Por Ana Luiza Miranda


Ouço a música e nunca me esqueço do calor que ela transmite. Todas aquelas notas soltas que quando se encontram no seu coração fazem o passado, presente e futuro virarem a mesma coisa e pararem quietinhos pra assistir o espetáculo que é ele tocando. Mesmo que esteja tocando nada.

Eu o conheço.

As mãos, de dedos longos e delicados engolem as cordas do instrumento e fazem vibrar o ar em volta daquele momento nosso. Os dedos tem as juntas grossas, as unhas largas e curtas e no fim aqueles calos. “Sou um moço trabalhador” ele sempre brinca.

E os olhos. Olham. Para mim e para o nada ao mesmo tempo. Não olham os meus olhos castanhos, mas algo além deles, como se procurassem dentro de mim a próxima nota. E quando acham decoram-na dentro do coração dele e a jogam no ar pra que meus olhos e ouvidos a vejam e a transmitam para o meu coração.

Eu o conheço. Tanto que posso fechar os olhos e ouvir a brincadeira dele com a música. Fechar os olhos e vê-lo com o coração. E ele me conhece.

E nós nos conhecemos tanto que num olhar podemos tocar e cantar e dançar com a música que o coração do outro toca. Mesmo que sejam notas soltas. Mesmo que seja o silêncio.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Vento


Estava sentada no banco, quando em meio a pressa rotineira das pessoas senti Deus me fazendo carinho no rosto.

Digressões


Assisto minha vida e relato pintando com poesia e prosa. Mas não se engane pois apesar de ser narradora de minha história, eu vivo. E tomo posse. Porque há jeito de ser viver e contar, tudo ao mesmo tempo, tudo ao mesmo fôlego, na mesma voz. Sempre há jeito de se participar daquilo que se assiste e juntar a cor do que se vê,com a cor do que se vive e transformá-la em uma narração de outra cor.

Em alguns momentos eu quero só viver, em outros só narrar... Mas o fato é que a minha participação na história se torna sempre impressindível. Sem narrador a história fica cansativa. Porque provavelmente se apoiará em diálogos. E silêncios são necessários. E sem personagem o narrador perde o sentido.

E não falo de narradores do passado, esses que geralmente se vêem por aí. Falo de narradores do passado, presente e futuro! Visto que o tempo é coisa que confunde a vivência da gente. Ata e desata os nós e tempera o que tomamos por vida.

É, eu faço assim. Vivo a história que eu mesma canto. Pintada de poesia e prosa... Mergulhada numa frequente digressão.

sábado, 24 de outubro de 2009

Dia do caçador...


Sou caçadora. Sim, caço por prazer mesmo. Gosto de perseguir minha vítima, e deixá-la sem saída e curtir todos os segundo de sua morte...Os últimos suspiros, o último olhar e ver nela a sensação de não poder fazer nada a não ser se entregar e morrer...

Ah... Aqueles momentos em que ficamos frente a frente... Algo acontece ali, uma espécie de conexão entre caça e caçador. Um momento em que nós duas assumimos nossos lugares e realizamos um desfecho e um começo. Sempre há o dia do caçador. Pode demorar, a caça pode jurar que nunca vou vencê-la, mas o dia chega.

Sim sou caçadora...E não adianta tentarem me dissuadir! Você não vai conseguir. Discursos em prol da convivência não me comovem.

Não resisto...Se vejo uma SAUDADE por menor que seja, vou lá e mato sem dó.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Cobertor


Era uma vez
um menino que tinha nas mãos
um escudo para os monstros do escuro.

Definindo.


____________Solidão_________________

É assim, uma palavra única na linha.

Traição


As vezes as pelavras me traem. E vão embora sem nem ao menos me dizerem porque. Já aprendi que não se pode espremer. Só me resta esperar...

Ei seu moço!


Estranho como a vida nos surpreende. Em um dia tudo pode mudar. Apesar de as pessoas me aconselharem a crescer e tomar sérias decisões para conquistar o mundo, eu prefiro ser assim: Uma moleca de pé no chão, cabelo bagunçado e risada alta... Prefiro me libertar de toda e qualquer tristeza. Prefiro não sentir inveja de ninguém nem me depreciar a ponto de sofrer por isso. Prefiro louvar ao criador e ter um coração sempre preenchido de amor. Prefiro mudar vidas, arrancar sorrisos, surtir efeito.
Como beijo estralado na bochecha. Prefiro ver o sol batendo nas nuvens e a lua nos olhos de quem ama, no lugar de um noticiário. Das novelas fico com o final feliz. Prefiro contar estrelas em vez de anos. Prefiro colecionar abraços, não lágrimas. Prefiro rosas, não armas. Prefiro terra molhada, não seca e fome. Prefiro amar com tudo o que posso, do que muitas por engano. Prefiro ter você comigo porque não posso viver sozinha. Prefiro colo e cantoria no lugar de travesseiro e solidão. Prefiro o claro, porque tenho medo do escuro. Prefiro o aconchego ao invés da distância e vazio. Prefiro rir de tudo à indiferença. Enfim... Prefiro ser feliz!
Sei seu moço que o mundo não gosta de pessoas como eu... Mas quem disse que eu prefiro que o mundo me diga o que preferir?

domingo, 13 de setembro de 2009

Pesando...


Antes um amor impossível do que a impossibilidade de amar.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Esperança


Ah!Pra mim esperança não é esperar não...É se mexer!
Quando a gente fica parado esperando,vem essa sensação de que nada está bom, e quando a gente consegue vem a sensação de que a gente não merece.

Talvez esse seja o erro de muitos:eperar no lugar de ter esperança.

A própia espera na minha opinião tem que ser feita se mexendo,remexendo,procurando,mudando...
A esperança pra mim colore a vida de verde e anima as pernas a seguir em frente.
Quando se tem esperança a gente corre tanto atrás do sonho que é quase impossível não acontecer.E se não acontecer é porque lá no fundo a gente tá sonhando outra coisa!

Sonhar!Tem coisa melhor nesse mundo?Só realizar mesmo...

terça-feira, 11 de agosto de 2009


O lugar era de um glamour decadente. Mas ela gostava. Cores envelhecidas e sujas invadiam a retina por trás da fumaça do cigarro. Envelhecido e sujo. Esse era o seu mundo. A depressão de domingo, o Sol escondido atrás das nuvens... Tudo dava a impressão de que a própria vida se escondia. Edith Piaf tocava no rádio, enchendo o pequeno apartamento, que naquele momento parecia enorme.Talvez devesse trocar as cortinas, ela pensou, ou talvez devesse comer algo.

A mãe a chamara pra ir ao centro hoje. Disse que havia uma exposição de arte maravilhosa no museu... Sua mãe era tão viva! Talvez tivesse a ver com a idade. Esperava seriamente que na idade da mãe sua vida estivesse completa. Tirando o trabalho não saia mais de casa. Sua mãe ficava furiosa: “Preciso de netos!”, dizia sempre. Sabia que para haver netos, uma sessão de eventos deveria ocorrer, mas também sabia que provavelmente não aconteceriam. Afinal ela não precisava nem de filhos, nem de netos. Um amor talvez, mas filhos não...Não tinha muito jeito com crianças. Trabalhava muito, fumava e observava cortinas numa tarde de Domingo. Não parecia bom...Talvez se parasse de fumar. E de levar trabalho pra casa. E se trocasse aquelas benditas cortinas!

“Acho que vou pagar alguém pra limpar essa casa” pensou consigo.

Mas ela sabia que por mais que fizesse uma faxina na casa, tudo continuava velho e sujo. Bege e sem graça. Pois era assim que o mundo era.

Pelo menos o dela.

Olhou o cigarro sujo de batom. Era interessante o desenho vermelho. Indefinível. O telefone tocou:

-Alô?

-Oi filha! Sabia que você estaria em casa...

-Que foi mãe?

-Vamos a um restaurante. Quer ir?

-Não mãe, tenho muito trabalho e...

-De novo! Você tem que parar com isso! Aposto que não fez mais nada o dia inteiro!

-Ah! Eu... vou... trocar as cortinas! Isso! Já estava indo quando você ligou...

-Que bom! Pelo menos isso... Eu já te disse que essas cortinas são horríveis!

-Tem razão mãe... São horríveis...

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Fome!


Pois que tenho vontade.
Fome!
Querência, dormência, malemolência...
Pois que quero o mundo engolir sem pensar no certo ou errado
Sem ser boa ou ruim,
Santa ou pecadora,
Fogo ou água
Quero tudo pra mim
E dar tudo de mim
Ai! que nesses dias de noite calma e silenciosa
De rotina gasta e cautelosa
Eu quero ir
Ir-me embora
Partir atrás da vida que se perdeu
Buscar da solidão a morte certa
Mas fazer o que se solidão é meu suporte
É do que sou feita
É minha força, minhas pernas no caminho
Fazer o que se é preciso que me baste olhar estrelas do quintal
E sonhar que um dia estarei longe
Que um dia serei tudo e terei tudo
Todos os mistérios da vida
Todos os gostos do mundo
Pois que tenho vontade
Fome!
Só não sei de quê.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Monólogo de um fim de tarde



O que mais posso dizer? Será que entende essas minhas manias desconexas e singulares? Essa coisa de falar através das palavras alheias, das músicas de outros? Sei que pode me entender, com algum esforço ou com nenhum, mas sei que pode.

Como eu sei? Ora! Porque vejo que sorri quando eu canto uma música sem olhar nos seus olhos. Sei que percebe que escolhi aquelas palavras pra você ouvi-las. Assisto sentimentos nos seus olhos mansos. Eles vão e vem. Como você quando está ocupado demais. Gosto de ver você fazendo suas coisas tão suas, apenas observar seu andado silencioso, e sua expressão concentrada que me faz ter vergonha de interferir. Por isso permaneço quieta te seguindo com olhos de quem gosta do que vê. E você sem saber faz com que seus momentos sejam meus também. Ou talvez você saiba!

As vezes penso em todas as coisas que já conversamos. E nas suas palavras conhecedoras do mundo. Somos tão diferentes! Já concordamos com isso. Quando? Ah, não sei ao certo. Talvez em uma dessas noites em que deitamos no tapete da sala pra ver TV e conversar. Ou talvez não! Mas o que importa o quando? Você sabe que sou distraída, que não presto muita atenção no mundo. Não, em vez disso prefiro ir por aí perdida entre estrelas, catando versos e sentidos pelas ruas sujas.

Mas sei que você me entende! Ta... Não é sempre que eu sei disso. Na verdade são raras as vezes que eu sei realmente que você entende esse meu jeito aluado. E às vezes é tudo tão certo e necessário que é impossível duvidar que você entende. Por exemplo, agora você me olha como se eu fosse uma criança que diz besteiras. Mas ao mesmo tempo enquanto eu falo do seu olhar, você sorri e me diz que gosta de mim. Você sabe que essa conversa toda foi só pra ouvir você dizer isso!

Sim, eu sei que seria mais fácil pedir. Mas você sabe que sou feita de entrelinhas. Ta admito que muitas vezes não entendo as entrelinhas mas quem é que realmente entende do que se é feito?! Não...eu tenho você pra me entender...

Agora... Diz que gosta de mim?

Também te gosto.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Abre aspas

(Ana Luiza Miranda)
Penso se há algo que possa ser feito
para marcar um coração pra sempre,
como tinta no papel.

Gaiola de vidro



Batia as asas com força transformando o silêncio em barulho infernal. O barulho vinha do corpinho batendo no vidro e do vento se mexendo por baixo das asas, mas o pássaro em si era silencioso e concentrado apenas em escapar.

Quanto empenho! Dava cabeçadas cada vez mais violentas no vidro e parecia não se importar que aquilo pudesse matá-lo. Talvez a liberdade importasse mais. Talvez valesse mais a pena morrer do que viver preso.

Fiquei assistindo aquela angústia em silêncio. Sim, poderia ter feito logo alguma coisa, mas tinha medo de chegar perto de toda aquela sede de viver, de ir embora. Preferi observar e tentar descobrir o que movia aquele pássaro.

Era bonito ver tanta luta. Tanta força gasta em ser livre novamente. Coisa rara de ser ver. Minhas mãos estavam frias e minha cabeça quente. Agora aquele barulho me machucava os ouvidos e doía saber que havia tanta vida la fora, tanto céu, tanto ar...

“Onde esta o ar que a pouco eu respirava?”

Enquanto o pássaro batia-se contra o vidro eu chorava ajoelhada, sufocada com a determinação tão grande de um ser tão pequeno. Mas não podia suportar mais. Agarrei a cadeira onde uma vez eu estive acomodada e a lancei contra o vidro, que se espatifou em vários pedacinhos incapazes de prender a mim ou ao pássaro. E este agora livre de novo subiu o mais alto que pode, me levando em direção a vida.

domingo, 5 de julho de 2009

Descompasso.


É que às vezes bate uma saudade... O ar falta enquanto o coração se aperta. O olhar perde o foco enquanto me lembro de um passado não tão distante, e tudo o que vejo é um borrão de cores causado pela água que insiste em despontar nos meus olhos. Mas ainda assim é bom lembrar. Mesmo com essa lágrima solitária que insiste em me escapar dos cílios indo molhar meu sorriso nostálgico. Tanta coisa boa que já foi. Tantos sorrisos perdidos no tempo. Tantos gritos e danças e suspiros... Tanta gente que cruzou esse meu caminho. Tudo que era pra ficar preso no passado. Mas coração que se preza é aquele que carrega dentro de si as lembranças de suas batidas antigas. Nem que seja pra sentir o descompasso quando se lembrar de um perfume, ou de um abraço.

domingo, 31 de maio de 2009

Desejo


É esse suor que nasce em minha nuca e morre em suas mãos.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Da partida

(Ana Luiza Miranda)
E deu nela a vontade de seguir caminho de novo. Já se acostumara com aquela inconstância que só virava constância quando o assunto era ir em frente.

“Fica!” pediram. “Fico não.” Respondeu. “Levo vocês comigo, mas não fico.”

Ajeitou o vestido, calçou as sandálias e respirou fundo, sentindo aquela querência de viver a vida enchendo o peito de coragem e ousadia. Ousadia que só tem esses que não se aquietam nas paragens da vida e sempre seguem o caminho.

“Nossa! Quanta coisa a gente pensa em um respirar.”

Abriu a bagagem pra verificar de novo se não havia esquecido nada. Mas estava tudo lá. As lições que tirou dos erros, as lembranças todas, as lágrimas de choro e de risos, as de raiva fez questão de esquecer. Os abraços, os vexames, as gargalhadas... E os sonhos! É tava tudo ali.

Sabe-se que o mais difícil em se seguir em frente é confiar. No caminho percorrido e no que ainda vai percorrer. A próxima parada sempre é desconhecida.

“Vai agora?” o par de olhos perguntou. “Vou” os dela responderam. “Vou contigo então” o coração falou. “Pois venha.” O sorriso respondeu. “Agora sim...” ela pensou “nada mais fica pra trás.”

E deu agora o primeiro passo. O novo caminho se abriu mais uma vez, e mais uma vez se pôs a realizar o que realmente importa nessa vida... Seguir em frente.

terça-feira, 28 de abril de 2009

O mundo não muda. O que muda é a gente.

(Ana Luiza Miranda)
A mudança acontece da seguinte forma: Primeiro vem o desejo de mudar não-sei-o-que dentro da gente. Talvez uma roupa, ou o jeito de andar, ou quem sabe o cabelo... É o cabelo sempre é vítima das nossas vontades de mudar. Mas é lógico que o medo, essa prisão, sempre vem dizer que na verdade não precisamos mudar... Na verdade “o mundo é que tem que aceitar a gente desse jeito, afinal nós não precisamos nos dobrar aos apelos dele. Temos é que ser sinceros conosco e pronto.”

Bom, sabemos quando estamos mentindo pra nós mesmos. E o que é mais legal, mentimos mesmo assim...Mas isso já é outra coisa...O que interessa mesmo é que mentimos a nossa autenticidade, por medo.

Sim, chega uma hora que percebemos que esse não é o caminho. Aí afirmamos pro mundo: Vou mudar! E começam as listas. O que deixar de fazer, comer, vestir... Mal sabemos nós, que mudança não é deixar de fazer, é sim fazer algo a mais. Se não fosse assim a lagarta na hora de mudar apenas morria, pois que só rasteja e come. Mas não, ela escolheu voar.

Aí ficam os bobos achando que mudar é aqui do lado de fora, do lado que todo mundo vê. E começam as promessas, e as falsas mudanças. Aquelas em que a gente muda só o visual ou até mesmo algo dentro da gente, mas sempre pra alguém. Mas essas mudanças nunca duram. Não se preocupem. Coisas falsas nunca duram. Acabam-se como desenhos na areia. Ora pelo vento, ora pela água do mar. Mas se acabam. E nos resta apenas o ser nu de experiências, pobre de sabedoria e servo do orgulho.

“Você quer ter razão ou quer ser feliz?” Me perguntaram uma vez.

Estranho como os outros precisam nos acordar pra vida que passa. Mas quando acordamos de verdade é que as coisas acontecem. É quando decidimos não sermos palavras, mas sim as águas e o vento que transformam. É quando dizemos “É chegada a hora!”. E falamos pra nós mesmo, porque ninguém mais precisa saber. Ninguém mais precisa entender. Ninguém mais precisa ver as provas de nossa felicidade.

Ninguém mais.

E essa é a melhor parte das mudanças. Porque é quando a verdade se estabelece e nós nos tratamos com a maior sinceridade possível. Dói. Afinal existem pessoas que muito provavelmente por amor não nos queiram ver mudados. E sim, vão tentar impedir. Mas quando travamos uma batalha contra nós mesmos e vencemos ninguém mais nos assusta. Mudar é antes de tudo, uma decisão. E esta mais do que decidido.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Arrepio


De tão leve o toque os pêlos se ergueram de mim para ti. Pois também eles queriam te abraçar como faziam os braços.

Diálogo



-Meu celular quebrou...

-Como?

-Deixei cair dentro d'água...

(risos)

-Como você conseguiu isso?

-Problemas técnicos...

(Ainda risos)

-Não tá afim de me dar um não?

(silêncio)

-Faz assim....Vai lá fora e fica com aquele que está em cima de você...E pode ficar com as estrelas também.

(Faces vermelhas).

terça-feira, 14 de abril de 2009

Crime



Quando perguntarem por onde ando
Farei da minha presença apenas mais um álibi
Pois estou em teus braços...

Felicidade II


E aprendi a juntar pequenas porções de momentos.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Palavras


Elas vem numa pressa de se ajeitar no vazio.Vem desordenadas e desesperadas,como se lá dentro algo as impulsionasse pra fora com força tamanha e as obrigasse a escorrer pelas mãos,até se deitarem na página branca. Ora!É que esse desejo de preencher vazios com esse rio de letras vem da vontade soberana do coração de se esparramar no papel por inteiro.

Borboleta


 E o vento cansado de correr só,tirou uma flor pra dançar. E agora ela vive por aí pra lá e pra cá a borboletear...

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Solidão


E mesmo andando em meio a essa multidão
que esbarra seus ombros nos meus tantas vezes seguidas
e me leva no fluxo de gente pra algum lugar perdido no tempo
eu não sinto nada...
Nem os ombros
Nem o fluxo
Nem a gente
Nem o tempo.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Sobre eles

(Ana Luiza Miranda)
O destino fabricou um fio especial e pregou uma ponta no coração dele e outra ponta no coração dela. Mas o fio tinha uma distância mínima:

A distância de um abraço.

É certo que eles não podem ficar abraçados sempre. Tem que se afastar. E dói. O coração recebe um puxão cada vez que os braços se soltam. O fio se estica ao máximo e cada batida dói, impedindo-os de esquecer a ausência. E entenderam que saudade é quando o fio que liga corações que se importam se estica ao máximo.

Que alívio quando se reencontram! Os braços se envolvem e os corações batem juntos, encostadinhos. Eles gostam do som. Não é tocado no rádio, nem famoso. Mas é só deles. Entendido apenas por eles.

Antes existia o medo de o fio arrebentar com a distância, num estalo imperceptível aos ouvidos, gritantes para a alma. Mas também existe a certeza de quem entende que coisa feita por destino não se quebra fácil. O coração acaba se fortalecendo e permanece firme quando vem aquele puxão. Sabem que sempre os olhos voltarão a se olhar, os sorrisos se abrirão, os corações se encostarão e o mundo vai ouvir a música. Melodia única, harmonia impecável e ritmo simples, porém sutil.

A música deles.

Não é tocada no rádio, nem famosa... Mas é só deles.
(dedicado à Tiago Isaac)

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Felicidade


É aquilo que quanto mais se mostra,menos se tem. Porque simplesmente não é algo que deve ser mostrado, é o que deve ser visto.

domingo, 22 de março de 2009

Lembrança


E na rua de minha memória passou um redemoinho
Que levantou a terra já batida, Fazendo voar as folhas secas do chão.

-Arteiro esse vento- pensei comigo -Sempre acariciando as folhas como fez outrora.

quarta-feira, 11 de março de 2009

Beijo de flor


Pois que todo dia o colibri vem visitar a flor...
E traz preso no bico um pedaço do céu
pra que ela possa voar enquanto se beijam.

A velha e a reza


Enquanto a mão velha segue acariciando as esferas de madeira, a boca se mexe em silêncio desfiando o rosário.
Cada conta que some na mão que o tempo beijou, desperta no olhar a esperança feliz de criança.

E a tarde segue assim. Cada conta é botão de flor que desabrocha no peito, e cada amém é promessa da vida boa que vem.

E segue a vida. Arrastada nas palavras sussurradas. Presa nas contas do rosário. Até o fim:

-Amém.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Rancor


E coçou tanto a ferida que novamente abriu a carne provocando em si uma dor sem necessidade.

Sobre a vida amarelo-girassol.

(Ana Luiza Miranda)
É engraçado como na nossa vida a coisa que a gente mais esquece... É de viver! O mundo nunca para de girar e o tempo passa pra qualquer pessoa que esteja nele, e passamos esse tempo inteiro procurando um jeito de viver a vida cada vez mais.

Sempre existe aquela mania feia de achar que intensidade é o oposto de rotina. Pois digo que não é assim. As pequenas coisas escondidas por trás da rotina é que são a intensidade da vida.

É como plantar um girassol, a gente sempre fica lá achando que só há o silêncio. Mas por baixo da terra acontece uma imensa agitação e cada segundo é importantíssimo pra que uma semente pequenina se torne uma flor amante do Sol e cheia de vivacidade.

E por incrível que pareça a semente só tem uma coisa que fazer na vida: Crescer! E nem por isso essa simplicidade deixa de ser linda. Nem por isso deixa de viver tudo o que há pra ela viver.

Talvez a vida seja uma semente, que acontece no silêncio das coisas (e que fique bem claro que o silêncio não é uma ausência, afinal muita coisa é dita exatamente nesse silêncio).

Ou talvez ela seja só a vida mesmo, indefinível, curta, rica e intensa por si só. Pois quando não se presta atenção na intensidade da vida é quando realmente se vive. Então se alguém procurar por mim diz que eu fui ali, plantar umas sementes de girassol.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Penso que...


Mentira é quando a boca sorri,mas os olhos não. E verdade é quando os olhos dão um sorriso tão bonito, que se quiser a boca nem precisa acompanhar.

O moleque

(Ana Luiza Miranda)
O moleque corre com o rosto virado pra cima. O Sol faz seus olhos se apertarem em risquinhos miúdos:

-Olha por onde anda moleque!Vai acabar trombando em alguém...

-Tem problema não! – Ele grita de volta com um sorriso travesso – Eu não posso é perder essa!

O povo sorri do moleque que desce a ladeira. Peito nu estufado, furando a barreira do vento. Os olhos brilhando e os braços abertos à espera do presente que vinha dos céus.

Pois veio. Caindo devagarinho embalado com doçura pela brisa, direto pras mãos do menino que sorria como quem tem o mundo nas mãos. Cheio de cor e beleza...

E mais bonito ainda, era ver o moleque voltar correndo feliz da vida gritando:

-Ta na mão! Ta na mão!

quarta-feira, 4 de março de 2009

Chuva


E um dia o céu se apaixonou.
E sem muita demora tratou de reunir todas as nuvens que tinha pra se desmanchar em beijos molhados.

A bailarina

(Ana Luiza Miranda)
A bailarina rodopiava no palco toda enfeitada de fitas, com seu vestido bordado de pedrinhas cintilantes. Mas lindo mesmo, era o jeito como a luz batia nas pedrinhas pra depois refletir todas as cores em volta dela. Rosa, verde, azul, amarelo... Todas as cores!

Assim era a bailarina, feita da luz mais bonita que existia.

E ela dançava charmosa na pontinha dos pés como se cordas suspendessem-na do chão. E saltava como se fosse ao trampolim. E sorria como se fosse pra um grande amor. E voava... Como se tivesse asas.

Mas, curioso, não havia música... Apenas a tímida voz:

-1, 2, 3... 1, 2, 3...

Sempre repetindo, o mesmo ritmo, o mesmo tom. Até que alguém resolveu perguntar:

-Linda bailarina, como pode ser dançar sem música?

-Mas há música... –Ela disse descendo das pontas – Bem aqui dentro de mim...

Olharam para seu rosto bonito e seu olhar brilhava mais que as pedrinhas do vestido. Como era linda a bailarina!

-E como você sabe que está dançando certo?

-Ora... Não há como perder o compasso quando se dança a música do coração!

terça-feira, 3 de março de 2009

De repente

(Ana Luiza Miranda)
E de repente a gente percebe que encontrou o infinito. É o infinito... Esse cheio de “pra sempre” que a gente ouve falar, mas também só ouve mesmo, porque saber ao certo o que é sempre é mais difícil.

Sempre me perguntei quanto valia o infinito, mas nunca me respondi... Sei que fui injusta comigo, mas dava medo de responder, mesmo que a resposta fosse um chute daqueles bem dados. Mas, mesmo assim, prefiro nem chutar a resposta dessa pergunta, sabe lá, vai que eu acerto.

E o infinito eu quero que seja sempre assim, um mistério que na verdade é bem simples. Afinal, o mundo é muito simples. Como tudo o que eu sinto, aqui dentro, no meu infinito.

Mas já vou avisando que descobrir esse infinito todo dentro de você às vezes incomoda. É porque ele ocupa um espaço muito grande, por ser justamente... Um infinito! E ele sempre quer crescer mais e mais... Nas horas mais incríveis!

Outro dia eu estava olhando o Sol se pôr, e justamente nesse momento caía uma chuva fina e gelada, fazendo o gosto da terra se meter a cheiro e vir brincar no meu nariz. Lá dentro alguém gritou:

-Sol com chuva, casamento de viúva!

Eu sorri feliz da vida pela viúva, e aí olhei pro céu laranja-pôr-de-Sol e senti a chuva gelada no meu rosto. Pronto! Foi o suficiente pra começar a sentir algo dentro de mim crescendo. E cresceu tanto que fez meus olhos se encherem de água.

Água cor de chuva e com gosto de mar.

Mas, depois a dor parou e eu já havia me esquecido dela. Só conseguia me lembrar de uma viúva que se casou e mandou pintar o mundo de um laranja tão bonito que fez meu infinito crescer de tanta admiração e meus olhos choverem pra combinar.

Ah! Mas o meu infinito chorou também! Só que quando ele chora, não é água que sai não, são palavras. E eu descobri que gosto das palavras. Por que elas são a língua do infinito que há em mim.