segunda-feira, 20 de julho de 2009

Gaiola de vidro



Batia as asas com força transformando o silêncio em barulho infernal. O barulho vinha do corpinho batendo no vidro e do vento se mexendo por baixo das asas, mas o pássaro em si era silencioso e concentrado apenas em escapar.

Quanto empenho! Dava cabeçadas cada vez mais violentas no vidro e parecia não se importar que aquilo pudesse matá-lo. Talvez a liberdade importasse mais. Talvez valesse mais a pena morrer do que viver preso.

Fiquei assistindo aquela angústia em silêncio. Sim, poderia ter feito logo alguma coisa, mas tinha medo de chegar perto de toda aquela sede de viver, de ir embora. Preferi observar e tentar descobrir o que movia aquele pássaro.

Era bonito ver tanta luta. Tanta força gasta em ser livre novamente. Coisa rara de ser ver. Minhas mãos estavam frias e minha cabeça quente. Agora aquele barulho me machucava os ouvidos e doía saber que havia tanta vida la fora, tanto céu, tanto ar...

“Onde esta o ar que a pouco eu respirava?”

Enquanto o pássaro batia-se contra o vidro eu chorava ajoelhada, sufocada com a determinação tão grande de um ser tão pequeno. Mas não podia suportar mais. Agarrei a cadeira onde uma vez eu estive acomodada e a lancei contra o vidro, que se espatifou em vários pedacinhos incapazes de prender a mim ou ao pássaro. E este agora livre de novo subiu o mais alto que pode, me levando em direção a vida.

Nenhum comentário: